A Secretaria de Saúde iniciou, nesta terça-feira (07), uma capacitação sobre o Protocolo de Manchester para os servidores municipais lotados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s). A meta é implantar a segunda etapa da classificação de risco e melhorar o acolhimento dos pacientes. Na Unidade de Pronto Atendimento Doutor José Ivo Alves da Rocha, a UPA da Vila Becker, o sistema já funciona desde o início dos atendimentos em janeiro de 2015.
O Protocolo de Manchester permite aos profissionais avaliar a condição clínica a partir das informações relatadas pelo paciente e a aferição de sinais vitais, como a pressão arterial e a temperatura corporal, dando prioridade no atendimento aos casos mais graves. Os tutores do curso foram o médico Cesar Ravache e a enfermeira Juliana Beux Konno, da UBS São Francisco, e a enfermeira Josiane Ribeiro, UPA da Vila Becker, todos formados na primeira turma em 2014 e multiplicadores da classificação.
Adotar a classificação de risco nas UBS’s parte do pressuposto de que é o primeiro local onde as pessoas buscam o atendimento. “Temos a demanda espontânea de pessoas nestes locais e elas, da mesma forma que acontece na UPA, devem ter a prioridade no atendimento conforme sua situação clínica”, disse o diretor geral de Saúde de Toledo, Fernando Pedrotti.
Nas unidades básicas já existe um padrão para os atendimentos prioritários, de caráter legal e humanitário, como crianças, idosos e gestantes. “No caso de duas gestantes, o Protocolo dirá qual delas deverá ter o acesso prioritário, pode ser a que tenha um risco maior, ou a que apresente uma dor”. O diretor disse ainda que esta regulação se aplica também aos pacientes sem nenhuma situação preferencial. “Temos que analisar, com os critérios da classificação de risco, qual paciente deverá passar primeiro pela avaliação médica”.
Pedrotti disse ainda que o encaminhamento para a UPA será mais qualificado. Ele exemplificou o caso de um paciente hipertenso que chega à UBS e sua condição é grave, com risco de um acidente vascular cerebral (AVC), popularmente chamado de derrame. “Ele será atendido pelo clínico, medicado e encaminhado, com a referência de seu problema para a UPA. Vamos padronizar este atendimento para não incorrermos em uma falha na avaliação da condição deste paciente. Todos, seja na UBS ou na UPA, falarão a mesma linguagem”, explicou.
Protocolo de Manchester
O Protocolo de Manchester classifica, após uma triagem baseada nos sintomas, os doentes por cores que representam a gravidade e o tempo de espera recomendado para atendimento. Aos doentes com patologias mais graves é atribuída a cor vermelha, atendimento imediato; os casos muito urgentes recebem a cor laranja, com um tempo de espera recomendado de dez minutos; os casos urgentes, com a cor amarela, têm um tempo de espera recomendado de 60 minutos. Os doentes que recebem a cor verde e azul são casos de menor gravidade (pouco ou não urgentes) que, como tal, devem ser atendidos no espaço de duas e quatro horas.
O programa recebeu este nome porque foi aplicado pela primeira vez em 1997 na cidade britânica de Manchester. Esta triagem foi rapidamente implementada em vários hospitais do Reino Unido. Em Portugal, são poucos os hospitais que ainda não utilizam este sistema, que já está sendo empregado em outros países da Europa, como Espanha, Holanda, Alemanha e Suécia. Já o Grupo de Triagem de Manchester foi formado em 1994, com o intuito de estabelecer um consenso entre médicos e enfermeiros dos Serviços de Urgência a fim de criar normas de triagem.