Quase completando sua maioridade, o Teatro Municipal de Toledo, inaugurado em 1999, completa 17 anos de muitas histórias neste sábado (26). Para comemorar este aniversário, a Secretaria de Cultura está programando uma série de atrações que começam nesta quarta-feira (23) e seguem até a próxima segunda-feira (28). São atividades nas áreas de música, dança, teatro, artes plásticas e visuais. Todas com acesso livre e gratuito ao público.
A programação inicia nesta quarta-feira (23) com a abertura da exposição “A Arte Imitando a Vida”, dos alunos do curso de pintura da Casa da Cultura marcada para às 18h30. Logo em seguida, às 20h, acontece o “Recital de Fim de Ano” com os professores e alunos da Casa da Cultura. A segunda parte do recital acontece na quinta-feira (24), também às 20h.
Na sexta-feira (25) seguem as comemorações às 20h30 com o espetáculo de dança contemporânea “RI-TUS” da Companhia de Dança The Art Of Dance, de Cascavel.
O aniversário
A Secretária de Cultura, Rosselane Giordani, disse que no dia do aniversário do Teatro Municipal não poderia ter outra atração, senão um espetáculo teatral. Nesse sentido, na grande cerimônia de festejo dos 17 anos o público irá prestigiar o espetáculo Cárcere, de Vinicius Piedade patrocinado pelo Instituto Sicoob. A entrada é franca.
Com trilha sonora de Manuel Pessôa e texto de Saulo Ribeiro e Vinícius Piedade. Cárcere apresenta uma semana na vida de um pianista que estando no cárcere (PRIVADO DA LIBERDADE E DE SEU PIANO) será refém numa rebelião iminente. Ele vive em ritmo de contagem regressiva e suas expectativas, impressões, lembranças, reflexões e sensações são expressadas por ele num diário que inicia numa segunda-feira e termina quando estoura a rebelião, um domingo.
A programação encerra na segunda-feira (28) às 19h30, com o Espetáculo de Dança Contemporânea “Quando se Calam os Anjos”, da Cia. de Dança de Curitiba. Todos os espetáculos promovidos pela Secretaria de Cultura são gratuitos.
CÁRCERE
A peça Cárcere é uma reflexão sobre a liberdade através dos olhos de um pianista privado da sua liberdade e de seu piano.
Depois de tempos tentando viver de sua arte e encontrando imensas dificuldades, acaba topando o convite de um “amigo” que lhe oferece um “bico” de venda de drogas, aproveitando o fato de ele ter contato com tanta gente nos tantos bares onde toca piano.
Estando no CÁRCERE tentando negociar com a direção do presídio a entrada de um piano para ensinar outros presos a tocar, líderes de facções criminosas acham que sua conversa com a direção é na verdade “caguetagem” e acabam jurando-o de morte. A direção da cadeia numa tentativa precária de protegê-lo, coloca-o na ALA DOS SEGUROS. O problema é que quando tem rebelião na cadeia, quem é candidato natural a refém é justamente quem está nessa ala. Quando começa a surgir um boato de que uma rebelião está na iminência de estourar, ele começa a escrever um diário. É aqui que começa a peça.
Esse pianista apelidado “Ovo” está numa semana decisiva, pois vive nessa situação limite de se tornar refém da tal rebelião.
A peça se passa justamente no período em que ele descobre que será refém, uma segunda-feira, até o dia em que estoura a rebelião, um domingo. Trata-se, então, da teatralização do diário escrito por esse preso na semana em que vive uma espécie de contagem regressiva.
Suas reflexões, lembranças e razões para continuar “se equilibrando na linha tênue entre persistir e desistir”, num momento em que está “na beira do vulcão que está pra entrar em erupção, na linha do trem que está vindo, na mira da bala com a arma já engatilhada”, são expressadas por um ator solo no palco, porém, em vibrante contato direto e indireto com o público.
A proposta estética da peça percorre diferentes camadas e linguagens desde o humor corrosivo de um homem em estado de sítio à momentos essencialmente corporais. “Eu preferia tocar piano e dizer o que tenho pra dizer em ritmo e disritmia, mas como aqui não tem piano eu escrevo, mesmo sem saber fazer poesia”.
As diferentes dinâmicas da proposta dramatúrgica acabam se completando, caracterizando assim a proposta estética do espetáculo, nessa reflexão sobre a liberdade nossa de cada dia. Não se busca explicá-la e sim provocar uma reflexão sobre o que ela é pra cada um.
Através de uma linguagem acessível por ser visceral, a peça CÁRCERE traz à cena diferentes camadas de profundidade que visam proporcionar ao público um mergulho em diferentes perspectivas de ser e estar preso. Ou livre.
O Teatro Municipal de Toledo
Considerado o maior do interior e o terceiro maior teatro do Paraná, com 2.974,18 metros de área construída, possui 1.022 poltronas distribuídas em dois planos, sendo 777 poltronas no setor de plateia e 245 no balcão e conta também com cadeiras para obesos e portadores de necessidades especiais. Possui um palco de 400 metros quadrados, estilo Italiano, camarins, salas de ensaios e outros espaços ocupados pela administração e manutenção.
Seu hall de entrada tem sido utilizado para exposições de artes e lançamentos de livros de Toledanos e de artistas de outros municípios da região. Possui estacionamento próprio, tem acesso à cadeirantes e pessoas com exigências especiais. Assim é esse gigante da cultura Toledana.
Segundo a secretária de Cultura de Toledo, Rosselane Giordani, esse é um momento muito significativo. “O aniversário do Teatro fecha a programação dos grandes eventos realizados pela Secretaria Cultura e também tem um significado especial pela história que o Teatro tem de receber artistas locais e também de projeção regional e nacional. É considerado um dos principais palcos do cenário cultural do Estado do Paraná e evidencia o sucesso da política pública de cultura construída para nosso município. E nesta comemoração tão feliz para todos, traremos como presente para os toledanos, espetáculos maravilhosos de artistas locais e renomados e de forma gratuita”, ressalta Rosselane.