Com a entrega do novo espaço de cozinha, refeitório e vestiários da Central de Triagem e Coleta Seletiva de Resíduos anexa ao Aterro Sanitário de Toledo, os integrantes da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Toledo terão melhores condições de trabalho e mais dignidade ao realizarem suas refeições.A entrega das reformas e ampliações aconteceu nesta sexta-feira (25) pela manhã com a presença do prefeito Lucio de Marchi, do vice e secretário do Meio Ambiente João Batista Tita Furlan, além de vereadores, assessores parlamentares, servidores e integrantes da associação de catadores. O investimento da Secretaria de Meio Ambiente no local foi de R$ 119.644,55. Destes, R$ 116.131,79 foram financiados pela Agência Francesa de Desenvolvimento.Essa ação de ampliação e melhoria é prevista dentro do Plano Municipal de Coleta Seletiva, aprovado ano passado como lei. Tita Furlan destacou que “o ambiente de trabalho é importante para que as pessoas se sintam bem. O que queremos é que as pessoas da associação de catadores tenham o máximo de condições para trabalhar. Ainda falta a população fazer sua parte e separar corretamente o lixo. Isso começa na casa da gente”, frisou Tita.Ele mencionou que o município está oferecendo a estrutura para que os projetos ambientais aconteçam e reforçou a necessidade de envolvimento das pessoas. “A ideia é que elas desenvolvam o conceito da reciclagem, que é preciso reduzir o lixo e reaproveitar”, apontou.O prefeito Lucio elogiou o trabalho realizado pelos agentes e disse que são símbolos da Educação Ambiental do município e merecem condições adequadas para o trabalho que realizam. Lucio destacou o contrato assinado com a Agência Francesa de Desenvolvimento, que prevê financiamentos na ordem de 10 milhões de euros. “Esses recursos são para investir na melhoria da qualidade de vida das pessoas de Toledo”, afirmou. AvaliaçãoA presidente da Associação de Catadores, Sebastiana Correia dos Santos de Carvalho, elogiou os investimentos realizados pela Secretaria de Meio Ambiente. “Melhorou muito o nosso espaço. Agora temos lugar pra almoçar, antes almoçávamos do lado de fora. Quando chovia tínhamos que correr pra dentro do barracão e procurar um lugar junto com o lixo. Aqui, agora, ficou ótimo”, exaltou Sebastiana.O objetivo da associação é conseguir mais uma prensa para dar conta de compactar os materiais dentro do barracão. O sonho de dona Sebastiana é que as pessoas mudem o comportamento delas, principalmente aquelas que jogam resíduos não adequados nos contêineres amarelos. “O pessoal joga cachorro morto, madeira, fraldas, às vezes vêm com três quatro bolsas de fraldas. As pessoas não tem consciência que além de contaminar todo o lixo prejudica nosso serviço? A esteira não tem força para puxar esse tipo de lixo. Nós falamos para os coletores pegar só o que é reciclável e deixar o que é lixo lá”, desabafou.A dona Bernadete Luiza de Oliveira (43) também é membro da associação e ficou muito contente com as reformas realizadas. “Melhorou bastante, antes almoçávamos de pé ou em qualquer lugar. Os vestiários também ficaram uma maravilha. Antes ficávamos na fila para usar o banheiro. Trocávamos de roupa de forma improvisada, no ar livre mesmo. Agora ficou uma maravilha e tudo muito lindo”, destacou. HistóricoA Central de Triagem foi implantada em 1996 e sofreu algumas ampliações e reformas, porém as condições estavam muito precárias. Segundo o engenheiro responsável pelo Aterro Sanitário, Flávio Scherer, “já estava na hora de melhorar. Até mesmo para atender a legislação sanitária e trabalhista”.Em média, 22 pessoas participam da Associação de Catadores. A área modificada já existia, só foi reorganizado o espaço, implementando um refeitório, um vestiário e reformando a cozinha e os sanitários. ParceriaO município cede o espaço em comodato para a Associação de Catadores, para que façam a coleta seletiva. A Secretaria de Meio Ambiente oferece a infraestrutura física, o barracão, os equipamentos para a reciclagem (prensa, esteira, balança, entre outros), veículo de coleta (dois caminhões compactadores), motorista, combustível, energia elétrica e telefone. Essa é a ajuda de custo para que possam desenvolver a atividade.Todo o material coletado no Programa Lixo Útil é encaminhado à Central de Triagem de Materiais Recicláveis, anexa ao Aterro Sanitário, onde a Associação de Catadores faz a separação e triagem dos materiais recicláveis em uma esteira separadora, classificando os recicláveis por categorias. Plástico, papel, papelão, vidro, sucatas metálicas, embalagens do tipo tetrapak. Tudo é separado.Depois são montados os fardos desses recicláveis para posterior comercialização pela associação. Flávio Scherer esclarece que o município não se envolve nesse processo. “Após a venda o dinheiro arrecadado é rateado entre os associados de forma proporcional aos dias trabalhados. O valor por associado também é sazonal, alguns meses fica abaixo do salário mínimo e às vezes fica acima do salário mínimo”, relatou.“Tudo depende do valor de mercado dos produtos, conforme oferta e procura. Dificilmente eles conseguem ultrapassar o valor de um salário mínimo. Não adianta apenas aumentar o volume de materiais, depende diretamente da qualidade dos produtos coletados”, alerta o engenheiro.Nos amarelinhos, por exemplo, existe uma grande mistura de materiais que não são recicláveis. Isso prejudica a separação, pois demora mais para executar o procedimento, além de desvalorizar os recicláveis. Muitos contêineres acabam sendo contaminados com outros tipos de materiais não recicláveis, dentre eles, restos de alimentos, animais mortos, fezes de animais, móveis, televisão, lâmpadas fluorescentes, pilhas, baterias, entre outros.“Isso tem sido um problema muito grande no município, essa mistura de materiais junto com os recicláveis. De 85 toneladas de lixo que vão para o Aterro diariamente, cerca de 40% poderiam ser reciclados ou reaproveitados. Pra isso acontecer, é importante que cada um faça a sua parte”, chama a atenção. CooperativaAlém da Associação, Toledo também conta com uma cooperativa de catadores de baixa renda localizada provisoriamente no Ponto Fixo da Avenida Maripá, na Vila Pioneiro. A Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Toledo (Coopertol), recentemente implantada, também recebe suporte da Secretaria de Meio Ambiente e realiza trabalho similar ao da associação na triagem dos materiais recicláveis. Programa Lixo ÚtilAs três modalidades do Programa Lixo Útil em Toledo são: Porta a porta; Ponto fixo de troca; e Contêineres (amarelinhos). A quantidade de lixo coletada pelo Programa é sazonal, varia mês a mês. Em média são 220 toneladas por mês, das quais se aproveita cerca de 110 a 120 toneladas por mês. O restante, chamados de rejeito, vão para o aterro.A coleta seletiva porta a porta tem meta de cinco anos para que seja atendida em 100% dos bairros. Hoje os bairros atendidos correspondem cerca de 60% da coleta seletiva do município.Cerca de 150 famílias de baixa renda são cadastradas no Ponto Fixo de Troca. Elas recebem no máximo duas cestas básicas por mês. Para isso é necessário que coletem pelo menos 300 quilos de recicláveis para dar direito a uma cesta básica. Essa é uma modalidade que aos poucos será extinta. Texto: Dielson Kleber Pickler
25 de Agosto de 2017 at 17:57h