Vinte e nove por cento dos usuários dos restaurantes populares de Toledo têm renda mensal superior a R$ 2 mil. O dado faz parte de uma pesquisa realizada pelo instituto Gralha Azul, contratado pela Associação Comercial e Empresarial de Toledo, e que está subsidiando estudos que estão sendo feitos pela prefeitura de Toledo para redefinir os valores cobrados nas refeições fornecidas nos 7 restaurantes populares atualmente existentes no município. Juntos eles fornecem hoje cerca de 3 mil refeições diárias, de segunda a sexta-feira, produzidas na cozinha social. A pesquisa, realizada em setembro do ano passado, apontou também que 43 por cento dos usuários têm renda de R$ 1 mil a R$ 2 mil; 20 por cento até R$ 1 mil e 7 por cento sem renda declarada. Os dados levantados também foram semelhantes aos apontados em pesquisa interna da cozinha social, realizada no ano passado.
Os dados da pesquisa contratada pela Acit apontaram ainda que 60 por cento dos usuários frequentam os restaurantes populares de Toledo por conta do preço; 52 por cento pela praticidade/comodidade; e 31 por cento pela qualidade das refeições servidas. A pesquisa mostrou que 52 por cento dos usuários alimentam-se nos restaurantes populares diariamente e 19 por cento, eventualmente. Entre os usuários, 74 por cento alimentavam-se em casa antes da abertura dos restaurantes populares em Toledo e 16,3 por cento nos restaurantes tradicionais.
As informações, conforme o secretário municipal da Administração, Moacir Vanzzo, embasam um estudo que está sendo feito pela administração municipal para garantir a continuidade do atendimento, com a redução de repasses de recursos pelo governo federal ao programa, além da escassez de recursos do município, com a queda da arrecadação, em função da situação econômica do país, o e aumento das responsabilidades pelos municípios. O município, afirma o secretário, tem uma situação privilegiada em relação a outros brasileiros, até em função do seu potencial agropecuário, mas igualmente sente a crise brasileira que o país enfrenta.
Com base nestes estudos, receitas do município e repasses federais, explica Vanzzo, o município está buscando alternativas para continuar o atendimento em Toledo, até pela importância do programa para a segurança alimentar e nutricional das pessoas, objetivo desde a sua implantação, e pelos benefícios que traz no fortalecimento da agricultura familiar. Entre as alternativas que estão sendo estudadas estão a divisão em faixas de atendimento e ap estabelecimento de preços diferenciados. “O custo da refeição hoje ao município é de R$ 9,98 a refeição. No começo do programa, quando tínhamos três unidades, o governo federal chegou a repassar R$ 1,7 milhão por ano para a manutenção do programa. Gradativamente o repasse foi caindo. Nos últimos dois anos o valor repassado foi de R$ 538,5 mil, bem aquém do orçamento hoje previsto da cozinha social, que é de R$ 6,6 milhões”, explica o secretário de Administração.
Segundo ele, as alternativas que estão sendo estudadas visando reduzir este custo, através de uma participação mais efetiva de faixas com rendimento maior, busca reduzir o custo de manutenção do programa pelo município, permitindo assim investimentos em outras áreas como saúde, educação e segurança. O programa deverá ser mantido, produzindo refeições para restaurantes, escolas e lanches para as entidades, adquirindo alimentos dos produtores para fortalecer a agricultura familiar, porém com a revisão do seu funcionamento, de tal forma que seja viável à administração pública. “Vamos continuar subsidiando o programa, porém num valor menor. Os estudos que estamos fazendo encaminham-se neste sentido”.
Texto: Eliane Cargnelutti Torres