A Secretaria Municipal de Segurança e Trânsito (SMST) iniciou, em 2013, o planejamento para uma nova configuração para o trânsito toledano. Em 2014, após diversas audiências públicas, envolvendo diversos setores, foram iniciadas as mudanças visando melhorar a trafegabilidade, mas principalmente garantir a segurança dos cidadãos. O trabalho deu resultado e a partir de então, apesar do aumento da frota, os acidentes tem diminuído. Esta redução é atribuída a diversas melhorias realizadas nas vias públicas.
Conforme dados divulgados na última segunda-feira (09) pelo Departamento de Trânsito e Rodoviário (Deptrans), em razão do Maio Amarelo, mês de conscientização e prevenção aos acidentes de trânsito, em 2014 houve uma redução de 15,09% nos acidentes, mesmo com um aumento de 6,7% na frota. “Apesar de muito questionadas na época, as alterações realizadas no trânsito na região central, principalmente a mudança no sistema de estacionamento oblíquo, com os carros alinhados diagonalmente ao meio fio, para o paralelo, com os carros parados lateralmente a calçada, foram relevantes para a redução”, explicou o diretor do Deptrans Fabiano Faria. Assim também ocorreu nos anos de 2015 (8,44 % de redução) e nos quatro primeiros meses de 2016 (15,03% de redução), mesmo com uma média de 5% de crescimento da frota no município.
Outro investimento do Governo Municipal foi na sinalização das ruas, inclusive com a aquisição de uma máquina para a pintura de ruas e investimentos também nas sinalizações verticais. “Isso gerou maior visibilidade e segurança no trânsito”, disse Fabiano. Além disso, para contribuir com esta redução, os órgãos de segurança intensificaram a fiscalização de trânsito. “Realizamos inúmeras blitzes e notificamos condutores infratores, em parceria com outros órgãos responsáveis”, destacou.
Todas as ações se refletiram também na redução do número de vítimas fatais no trânsito toledano. Em 2012 foram 19 mortes. A partir de 2013 estes números começaram a diminuir com 11 óbitos registrados. Após, em 2014, foram sete, mesmo número de 2015. Nos quatro primeiros meses de 2016 foram computadas três vítimas fatais. “Lembrando que estes dados contemplam vítimas no local do acidente e mortes em decorrência de acidentes”, explicou Fabiano. Esta redução dos acidentes de trânsito demonstra a efetividade das melhorias realizadas. “Todas as ações foram pautadas em muito estudo e consultas à população. A redução desses números representa um dos resultados que tínhamos por objetivo, além da melhoria da mobilidade urbana, que também já pode ser percebida”, finalizou.
Núcleo de Prevenção às Violências e Promoção à Saúde
Apesar da redução, Toledo ainda tem números elevados relacionados à violência no trânsito. Segundo dados da Secretaria de Saúde, atualmente a principal causa de acesso aos serviços de saúde e internação hospitalar é referente a partos e gestações. “É natural este tipo de atendimento até porque o município trabalha incentivando o acompanhamento pré-natal e que mulheres nesta situação busquem o acompanhamento médico”, disse o diretor geral de Saúde de Toledo, Fernando Pedrotti.
Logo após vem as causas externas, como a violência interpessoal e acidentes domésticos e de trânsitos. Neste tipo de atendimento o trânsito é responsável por 39% das ocorrências. Buscando melhorar este índice, a Secretaria de Saúde está implantando o Núcleo de Prevenção às Violências e Promoção à Saúde. O trabalho intersetorial envolverá diversas Secretarias e Assessorias Municipais, sob a coordenação da Secretaria de Saúde.
A intenção é preparar uma equipe multidisciplinar para participar de encontros de associações de moradores, audiências, escolas e demais aglomerações para levar orientações sobre cuidados no trânsito. “É um trabalho que dentro da Secretaria de Saúde terá a participação das diretorias de Atenção Básica, Gestão e Vigilância em Saúde. Queremos mostrar para as pessoas o quanto o trânsito pode ser nocivo para a sociedade caso seja encarado de forma imprudente”, disse a secretária de Saúde Denise Campos.
Segundo Fernando Pedrotti, desde o resgate até o fim do tratamento, estes procedimentos são os que envolvem maior custo. “Quando ocorre a morte, o acidente de trânsito entra numa fria estatística. Porém, nesta estatística não se leva em conta as pessoas que ficam com sequelas, o longo tempo em recuperação, a fisioterapia, os auxílios pagos pelo Governo, situações que geram prejuízos econômicos para o estado, mas principalmente para o indivíduo, que fica privado, em alguns casos, do convívio com amigos e familiares”, disse.
Momento de superação
Um desses exemplos é o da servidora pública Leiliane dos Santos. Professora da rede municipal, ela está afastada das salas de aula desde o início do ano letivo devido a um acidente de trânsito no dia 25 de janeiro. Desde então, ela já passou por quatro procedimentos cirúrgicos e, segundo a previsão dos médicos, ainda deverá realizar mais intervenções. Leiliane sofreu múltiplas fraturas no pé esquerdo, diversas escoriações e teve lesões no ombro. “É difícil. Tinha até aberto mão de uma licença prêmio a que eu tinha direito para voltar para a sala de aula, mas agora tenho que enfrentar mais um procedimento e a recuperação vai se estender”, comentou.
Além destas questões, a professora disse que a maior dificuldade são as restrições sociais. “Você deixa de ir aos eventos sociais devido às limitações. Você tem dificuldades para sua assepsia, tem limitações até para pentear os cabelos, como no meu caso. A autoestima zera e a gente fica sem vontade para nada. Pensa nos seus alunos, como seus colegas de trabalho estão se virando, enfim, muitas coisas começam a fervilhar na cabeça. É preciso muita compreensão da família e de quem está próximo para superar”, frisou.
DANT
Os acidentes de trânsito são classificados como Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT). Nesta categoria se enquadram as doenças cardiovasculares, maior causa de mortes na população adulta; as neoplasias (cânceres); e causas externas, que envolvem as violências de forma geral, sendo que as mortes violentas são a principal causa de óbito entre jovens de 15 a 29 anos.