suzi.lira 10 de Mai de 2018 at 17:29h

Emdur testa nova tecnologia para pavimentação de estradas rurais

Esta semana a Empresa Municipal de Desenvolvimento Rural e Urbano de Toledo (EMDUR) realiza testes de uma nova tecnologia que promete revolucionar a compactação de solo nos projetos de pavimentação de estradas rurais. O CBR Plus. Após licitar uma quantidade do produto, a primeira aplicação foi realizada na OT - 327, Estrada Félix Bordignon, que liga a BR 163 até a estrada que vai a Novo Sobradinho.

 

Por meio do Programa de Pavimentação Rural, o Município contratou os serviços da Emdur para executar uma extensão de 850 metros lineares de asfalto naquele trecho. O Superintendente da EMDUR, Rodrigo Salles, disse que essa foi a oportunidade para colocar essa tecnologia em prática e ver o quanto vai diminuir os custos para o município.

 

“Nós conhecemos o produto em Londrina. Lá foi aplicado sem o revestimento de asfalto. Gostamos do resultado e fizemos a licitação para a compra. Agora vamos verificar a qualidade e o custo para o município, já que temos uma realidade diferente [como possuímos uma pedreira, o custo já é diferenciado]. Essa análise é que vai determinar a viabilidade do uso do produto no programa de pavimentação das estradas rurais”, explicou Salles.

 

Inovação

O engenheiro civil da empresa LTP Empreendimentos e Engenharia, Victor Hugo Dantas, representa o produto no Paraná. Ele conta que o estabilizador de solo é uma tecnologia nova no Brasil, mas foi desenvolvido em 1978 na África do Sul. “A literatura rodoviária mostra que o pavimento convencional com pedra brita tem mais de 200 anos, então é um produto novo no mundo, já presente em mais de 100 países”, informa.

 

Dantas afirma que essa nova metodologia tem o mínimo de agressão ao Meio Ambiente. “Nós aqui não jogamos um metro de terra sequer fora. E ainda usamos tudo que está no campo, aplicamos o produto no solo e ele aumenta a capacidade de suporte e inibe a troca de água que nossa argila têm”, garante.

 

Para entender

O produto, de certa forma, isolará o solo, não permitindo que sofra interferências com as ações climáticas. “Nossa terra vermelha gosta de receber água e vira lama, e quando expulsa a água vira pó. Esse produto encapsula a molécula de argila. Ele inibe essa troca de água, então fica inerte depois que compacta e aumenta a capacidade de suporte”, explica o engenheiro.

 

Proporção

Em 5 mil metros quadrados são utilizados 50 kg de produto. Ele é diluído em água e aplicado com um caminhão pipa na dosagem específica. “Em seguida, faz-se a rolagem com os rolos compressores, com isso o solo fica preparado para aplicação da manta asfáltica. É necessário um acompanhamento tecnológico com muito cuidado”, alerta.

 

Diferença

O processo convencional consiste na retirada do cascalho e com descarte na natureza. “Esse é um processo que já agride o espaço”, comenta Dantas. Em seguida, é feita a compactação do subleito e aplicação de camada de brita graduada. Nesse momento já é necessário a colocação da capa asfáltica para que não haja rompimento da base de pedra brita.

 

Já com a aplicação do produto, a estrada pode ser aberta ao tráfego de veículos logo em seguida, sem a necessidade de colocar o asfalto de imediato. “Sem medo de errar, teremos uma redução de 40% no custo da base para o asfalto, sem contar o estrago que estamos evitando ao meio ambiente”, afirmou o representante.

 

“Vocês têm 307 km de estradas rurais pavimentadas. Eu sou de Londrina. Lá tem zero quilômetros. E no Paraná é ínfimo o investimento em estradas Rurais. Com o uso dessa tecnologia Toledo certamente se destaca no Brasil”, comentou Victor Hugo Dantas.  

 

Curiosidade

Nesses 850 metros de estrada seriam necessárias 78 viagens de caminhão carregado com pedra brita, caso fosse utilizado o método tradicional. Multiplicando por 12 metros cúbicos, teremos 936 metros cúbicos de pedra.

 

Em peso, isso representa 1.216,8 toneladas. Já para o transporte do produto bastou apenas uma viagem em um carro convencional. “Nossa pedra de fácil exploração está com vida útil comprometida e essa é uma das maneiras de solucionar esse problema”, avalia o superintendente da Emdur, Rodrigo Salles.

 

Comunidade

O técnico em eletromecânica, Jean Victor da Silva, foi o responsável em mobilizar a comunidade para firmar a parceria com o Poder Público e viabilizar o asfalto em frente às propriedades, cinco no total.

 

“Quando fizemos a primeira conversa com o prefeito ainda não tinha essa possibilidade de aplicação do produto. Conversei com o engenheiro e achei o produto muito interessante, principalmente para reduzir o impacto ambiental. Ficamos um pouco apreensivo justamente por se tratar de uma tecnologia nova, mas se cumprir o que promete será muito bom e satisfatório para toda a comunidade”, avaliou.