Uma reunião de trabalho realizada na manhã desta quinta-feira (11), na Secretaria Municipal de Educação de Toledo, debateu a situação dos imigrantes vindos, principalmente, do Haiti. O êxodo de milhares de haitianos se deu por conta das guerras que o país enfrentava internamente, situação essa que se agravou com um terremoto devastador no ano de 2010.
Dados extraoficiais apresentados por lideranças haitianas dão conta de que existem aproximadamente dois mil imigrantes vivendo na cidade de Toledo. Segundo a secretária de Educação, Janice Salvador, existe a necessidade de articular outras instituições e parceiros que contribuam na busca de soluções para prestar auxílio às demandas dessa população.
“Desde o início do ano estamos fazendo tentativas de articulação desse grupo e agora queremos dar forma e fortalecer o trabalho. Par se ter uma noção, hoje não temos ideia de quantas crianças haitianas estão matriculadas em nossa rede de ensino. A proposta é criar uma força tarefa e um dos objetivos é justamente fazer um mapeamento e levantar o perfil dessa população”, explicou Janice.
O professor do curso de Serviço Social da Unioeste e coordenador do Programa Casulo, Edson Marques Oliveira, reforçou a necessidade da força tarefa para pensar numa política de atendimento ao imigrante em Toledo. Uma das propostas sugeridas é a criação de um serviço de referência para que essa população possa acessar a rede de parcerias e de atendimento dos serviços disponíveis no município.
“Eles já nos relataram que não estão vindo pra cá pra gerar problemas pra cidade. Eles estão vindo de lugares de guerra, destruídos pelo terremoto. Se pudessem escolher, ficariam lá, mas muitos estão trabalhando em linhas de produção aqui sem reclamar. Muitos deles tem formação universitária, dominam três idiomas e só pensam em um lugar que dê um futuro mais plausível para seus filhos”, relatou o professor.
Edson disse que temos que aproveitar melhor esses profissionais aqui. “Hoje não podemos olhar só para nosso umbigo. Temos que pensar na cidadania global, se colocar no lugar do outro. Os europeus exploraram tudo que era possível de outros países e hoje estão construindo muros para não deixar imigrantes entrar”, comparou o professor Edson.
A professora de Linguística da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR/Toledo), Raquel Ribeiro Moreira, lembrou ainda que Toledo é constituído de imigrantes alemães e italianos que vieram fugidos de situações de guerra. “Então faz parte de nossa formação. Não temos mais nativos por aqui. Isso reforça a tese de que não podemos virar as costas para os estrangeiros”, salientou.
A diretora de Vigilância Sócio-Assistencial da Secretaria de Assistência Social e Proteção à Família, Josieli Magnus, complementou lembrando que “a empatia com o Brasil é devida as forças de paz presentes naquele país. O Brasil é uma pátria acolhedora”, disse Josieli.
A diretora esclareceu para o grupo a situação limitada da administração municipal em função do limite prudencial e reforçou a necessidade de envolver outros atores sociais nessa força tarefa com vistas a melhor atender e mapear a situação dos haitianos em Toledo. Na pauta da reunião também foram debatidas condições de saúde, de trabalho, educação e moradia dos haitianos.
As lideranças haitianas em Toledo estão em fase de organização de uma associação que auxilie não apenas os imigrantes que chegam ao município, mas que também possam contribuir de alguma forma com a cidade. As informações dão conta que estão em fase de discussão para definir as funções de cada um no processo.
Texto: Dielson Pickler