08 de Junho de 2016 at 16:50h

Luta contra o Fracking conquistou o apoio da Confederação Nacional dos Municípios

A sala de reuniões da Prefeitura de Toledo foi palco do anúncio da principal conquista em relação à mobilização contra o fraturamento hidráulico do solo para exploração do gás de xisto, conhecido como fracking. Em Toledo, o diretor financeiro da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Joarez Lima Henrichs, anunciou que a entidade vai se somar a luta dos municípios do Oeste do Paraná. Durante o ato, diversas entidades da sociedade civil organizada do Paraná estiveram presentes e assinaram a adesão à ‘Carta de Toledo e do Oeste Paranaense Contra o Fracking em Nossas Terras’.

A CNM tomou conhecimento da situação durante a Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, quando o prefeito Beto Lunitti externou a preocupação do município em relação ao processo. “O prefeito Beto Lunitti não se furtou da preocupação em relação a esta técnica de exploração, que pode comprometer como um todo o Brasil. Enquanto muitos gestores estão preocupados com a reeleição ele se insere numa luta que precisa ser nacional”, comentou Joarez Henrichs.

O representante da CNM ainda afirmou que a entidade já aprovou e vai disponibilizar recursos financeiros para aprofundar o processo de análise dos malefícios do fracking. “Já vimos muita coisa e a diretoria, inclusive a presidência, está sensibilizada e com interesse em acatar este posicionamento adotado em Toledo, contrário a exploração”. Henrichs disse ainda que a CNM, utilizando de sua força política, já entrou em contato com deputados e senadores, entre eles os paranaenses Álvaro Dias, Roberto Requião e Gleisi Hoffmann, e a maioria se posiciona em favor da causa do Oeste do Paraná.

Também já aconteceram conversas com a presidência do Senado e da Câmara Federal. “É necessário agora prepararmos materiais técnicos, com dados sobre o impacto na economia e a vida, para munirmos estes entes políticos. Os dados e adesão de tantas entidades de classe serão essenciais para a sensibilização. Precisamos aproveitar o momento e demonstrar que apesar da luta estar encampada aqui, diversos estados em todas as regiões, serão afetados”, salientou Henrichs. O levantamento de dados será feito pelos servidores municipais Renato Eidt e Danúbia Rocha. Os dois foram designados pelo prefeito Beto Lunitti para organizar todas as questões envolvendo o fracking.

Toda esta celeridade se justifica pela rapidez com que o fracking avança no Brasil. Segundo informações do prefeito Beto Lunitti, obtidas junto a Organização Não Governamental (ONG) 350.org, na Região Norte do Paraná já foram iniciados os testes de perfuração e os municípios afetados já começaram a observar problemas como rachaduras em paredes e pequenos abalos sísmicos atribuídos à exploração. “É uma situação gravíssima e não podemos esperar isso acontecer em Toledo. Os relatos são imensamente negativos, onde esta técnica foi aplicada, e não podemos permitir que isso aconteça em nossa região”, afirmou.

A luta também já tem o apoio do Ministério Público do Paraná (MP-PR). Segundo o promotor Giovani Ferri, neste momento existe uma liminar suspendendo a exploração. “Temos hoje uma decisão provisória que pode ser revogada a qualquer momento. É necessária esta mobilização. Precisamos deste apoio da CNM para a realização de avaliação técnica do tema e dissipar as dúvidas sobre o fraturamento hidráulico e suas consequências. O que já temos de informação é que este modelo traz malefícios e isto já foi alertado pelo IBAMA, Instituto Chico Mendes e outros órgãos. Temos que apoiar o prefeito Beto Lunitti e a comunidade do Oeste do Paraná nesta luta, envolver a sociedade, dialogar com as cooperativas e tentar impedir esta loucura que é o fracking no Brasil”, disse. 

Entidades assinam carta de adesão

Diversas entidades estiveram presentes no encontro e reforçaram o compromisso de lutar contra a implantação do fracking. A Câmara Municipal de Toledo foi a primeira a organizar um evento com o intuito de aprofundar a discussão sobre a temática. Além disso, os vereadores Tita Furlan e Vagner Delábio e o servidor municipal Renato Eidt estiveram na Argentina onde verificaram in loco os problemas ocasionados para a agricultura. Também participaram do encontro o presidente da Câmara, Ademar Dorfschmidt, e os vereadores Expedito Ferreira e Sueli Guerra.

Os relatos e os eventos anteriores visando o esclarecimento sobre a situação resultaram na adesão de diversas entidades representativas. A Associação Comercial e Empresarial de Toledo (ACIT), o Sindicato Rural, a Cooperativa Primato, a Promotoria e o Conselho do Meio Ambiente de Toledo, União Toledana da Associação de Moradores (UTAM), a Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Oeste do Paraná (CACIOPAR), a Universidade Paranaense (Unipar), a Cúria Diocesana de Toledo, o Programa Oeste em Desenvolvimento e o Fórum dos Procons do Paraná foram algumas das entidades presentes que oficializaram o apoio.

O padre Inácio Scherer, representante da Cúria Diocesana, disse que o Papa Francisco já se posicionou contrário a este mal. “Não queremos nos intrometer nas questões políticas, mas precisamos apoiar as questões que impactam socialmente na vida do povo. Recebemos o convite e agradecemos a confiança depositada na comunidade católica e no povo cristão”, disse. Já o representante da CACIOPAR, Edson Carollo, afirmou que a entidade é contra a instalação de qualquer tipo de aparelhamento, antes de sabemos o reflexo negativo e comprometimento do agronegócio.