Estima-se que aproximadamente um terço das crianças brasileiras entre cinco e nove anos estão com peso acima do que é sugerido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). O estudo demonstra que a obesidade infantil vem se tornando cada vez mais comum no país. O consumo irregular de alimentos e bebidas com baixo valor nutricional nessa faixa etária foi apontado como um dos principais fatores para esse desequilíbrio.
Um importante auxílio na luta contra obesidade infantil é o Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE. Este recurso desenvolve trabalhos para oferecer alimentação saudável à alunos da rede de ensino educacional no Brasil.
Em Toledo, o PNAE acontece por meio de gestão centralizada. A responsável pelos gêneros alimentícios fazem a compra e a distribuição dos alimentos em Escolas e Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs). O último levantamento realizado pela Secretaria Municipal de Educação (SMED) apresentam 1.905 atendimentos dos alunos das creches, 2.881 da pré-escola, 7.727 do ensino fundamental, 140 da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e 158 alunos que frequentam o contra turno do Atendimento Educacional Especializado (AEE). Sendo assim, o município atendeu mais de 12 mil alunos pelo Programa Nacional de Alimentação Saudável.
Alimentação saudável se faz a partir do cardápio
Em Toledo, são três nutricionistas, lotadas na Secretaria Municipal de Educação, onde desenvolvem especificamente trabalhos relacionados ao Programa de Alimentação Saudável. A composição da lista de alimentos ofertada para os alunos em Toledo é a partir de cardápio cuidadosamente pensado e analisado pelos profissionais. O cardápio é elaborado semanalmente com duas preparações doces e três salgadas, entre outras práticas que são realizadas.
Por meio da Cozinha Social são ofertadas duas frutas por semana e salada semanalmente. Sendo pratos ricos em nutrientes e necessários para uma alimentação de qualidade.
Estado Nutricional dos alunos em Toledo
O último diagnóstico levantado em 2017, mostrou que entre os aproximadamente 11 mil alunos matriculados nas Escolas e Centros Municipais, três mil estavam acima do peso recomendado, classificadas em: magreza acentuada, magreza, normal, sobrepeso, obesidade e obesidade grave.
Os dados foram coletados pelos professores de Educação Física e profissionais responsáveis. Crianças com mais de 61 meses foram avaliadas pelo Sistema Estadual de Registro Escolar - SERE, e os menores foram examinados pelo programa Who Anthro e classificados de acordo com referência da Organização Mundial da Saúde - ONU.
Escolas e o cuidado com às crianças
Para mudar o quadro de crianças que estão com sobrepeso e obesidade, são desenvolvidos trabalhos Educação Ambiental, que visam ensinar como cultivar verduras, temperos, entre outros. Uma das escolas que possuem esse tipo de procedimento é a Escola Municipal Olivo Beal, que desenvolve um trabalho de valorização da alimentação de qualidade incentivando novos hábitos para uma vida saudável.
Os alunos desenvolvem desde o Ensino Infantil até o Ensino Fundamental ações que buscam incentivar os alunos como cultivar verduras, temperos, chás, legumes entre outros alimentos. Para chamar ainda mais a atenção das crianças, são utilizados canteiros, vasos e garrafas pet que reaproveitados deixam de irem para o lixo ou para a natureza quando não adequadamente descartados. Os alunos plantam, cuidam, colhem e consomem esses alimentos na escola ou em casa.
A responsável pelo projeto de alimentação saudável na escola, Sandra Inês Reisdorfer Kopeginski, conta que desenvolver este trabalho na escola é essencial para a sensibilização do aluno. “Todas as crianças precisam e têm direito a uma alimentação adequada. Sentimos que existia a necessidade de levar aos alunos e suas famílias informações que contribuíssem para a formação de hábitos mais saudáveis. Os pais aprovaram, isso nos motiva. É nosso papel enquanto escola levar a informação primeiramente para as crianças, que consequentemente transmitem para os pais, ” destaca.
A escola busca parcerias. As nutricionistas da Secretaria de Educação, quando solicitadas fazem palestras com a comunidade escolar e cursos são oferecidos para os professores que desejam. Neste ano, estão participando novamente da II Jornada de Educação Alimentar e Nutricional, promovida pelo Fundo Nacional de Educação (FNDE) e Ministério da Educação (MEC). E conta com a colaboração do estudante de nutrição Guilherme Matheus Kaiser Breda premiado em 1º lugar na I Jornada De Educação Alimentar e Nutricional, em Recife.
A escola irá disputar quatro temas durante o concurso. Sendo eles: Comida de verdade na escola; Promovendo a alimentação adequada e saudável no currículo escolar; Propaganda e publicidade de alimentos para o público infantil e Envolvimento da família na alimentação escolar: vamos aprender juntos. As atividades encerram no mês de setembro.
Mudança no espelho e na vida das crianças
Em 2008, ainda bebê, o pequeno Cauê Alexsandro Souza, veio do município de Itajaí, estado de Santa Catarina, após uma enchente. Quando chegou em Toledo foi matriculado em um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI). Cauê fica aos cuidados da avó desde que chegou em Toledo, seus pais são falecidos. A avó do menino, Fridalina Gonçalves, mora com o neto no César Park.
Após sofrer um grave acidente, Cauê foi diagnosticado com um problema de tireoide, que junto a má alimentação, fazia com que ele engordasse de uma forma rápida, Cauê chegou a ter aproximadamente 51 kilos, antes dos dez anos de idade.
Fridalina revela que após matricular Cauê na Escola Municipal Olivo Beal, a alimentação dele foi mudando. “Estava muito preocupada com o que Cauê poderia se tornar. Ele estava engordando muito rápido. Hoje em dia eu fico preocupada com outras coisas. Em saber que ano que vem ele sai dessa escola é uma delas. Foi muito importante a trajetória do Cauê dentro do Olivo Beal, ele aprendeu a comer frutas, legumes, e ter uma alimentação saudável, sem ter muito esforço”, comemeora a avó.
Cauê disse que antigamente na geladeira só tinha doces, e hoje a realidade é outra “Percebi que os alimentos que eu vinha comendo não estavam me fazendo bem. Na escola aprendi que tem comida gostosa além de doces e salgados, como as frutas e legumes. O aprendizado veio dentro da escola, e pretendo levar adiante”.